Um apelo por tolerância

Fernando Grostein Andrade

Estou acompanhando pelo facebook vários relatos lindos e inspiradores da conferência brasileira em Harvard. Graças a ação de empresários brasileiros, mais especificamente Jorge Paulo Lemann, muitos estudantes brasileiros bolsistas se enraizaram em Harvard e construíram laços e ações lindas. Uma delas, esta conferência que esta brilhando muito e reunindo muita gente importante que pensa diferente: empresários, Gilberto Gil, Nizan Guanaes, Wagner Moura, Sergio Mouro, Presidente Dilma, Fernando Haddad, Eduardo Lyra e muito mais. Essa nova juventude brasileira em Harvard esta fazendo o óbvio, buscando construir diálogo de um Brasil partido.

 

Leio contudo com desgosto alguns relatos de desrespeito, ainda que nas salas anexas, com a Presidente Dilma. Tenho certeza que isso não reflete nem de perto o desejo dos organizadores, mas precisa ser combatido. Quem pensa diferente não é inimigo, precisa ser respeitado.

 

Meu amigo Gabriel Dolabella, 21, estudante de direito e Cofundador do Movimento Mapa Educação do qual eu faço parte, disse para mim por facebook: “Algumas pessoas se achavam no direito de, da plateia, manifestar sua discordância com risadas. Como se isso valorizasse um ambiente democrático. Faltou respeito. Em palestras você não manifesta sua discordância no meio da fala do palestrante. E sem respeito não há democracia. Felizmente, era uma minoria.”

 

Já muitos que estavam na sala onde ela falou, garantiram que ela estava sendo respeitada e que o que aconteceu na verdade foi oposto. Um amigo que preferiu não se identificar relatou que a Presidente Dilma se equivocou no protocolo do evento: ao levantar da cadeira, deixou a professora de Harvard Frances Hagopian que iria entrevista-la e fez um discurso longo: “Ela foi convida para ser entrevistada por uma hora num painel, equivocadamente ela fez um discurso de 50 min, foi dura com os alunos quando eles disseram que ela tinha que responder a perguntas. E apenas nos 10 min finais, abriu para diálogos. O evento se chamava diálogos”.

 

Segundo Renan Ferrerinha, estudante de Harvard membro da organização da Brazil conference:   “No começo da palestra houve algumas reações da plateia a respeito de algumas colocações da presidente, mas em geral acredito que o respeito venceu. O time da organização teve a brilhante ideia de espalhar cartazes com a frase “Diálogo que Respeita” que ajudaram a conter os ânimos nas 3-4 vezes que a plateia reagiu mais. No final, a palestra, seguida de uma entrevista conduzida pela incrível professora de Harvard Frances Hagopian, acabou num clima bom e descontraído com a presidente e a plateia interagindo muito bem nas perguntas finais.”

 

Em tempo:  anos atrás dei uma palestra lá, como parte do Harvard Igniting Innovation Summit on Social Entrepreneurship. Sai de la maravilhado, com aquele ambiente tão rico e inspirador, de onde saíram os maiores lideres do mundo: do Obama ao Mark Zukeberg.  É maravilhoso ver que o novo Brasil esta sendo fertilizado lá, é maravilhoso ver jovens de origem diferente da elite brasileira, estão furando o bloqueio e fecundando um novo brasil. Uma das pessoas assim que mais me chama atenção é a jovem Tabata Amaral de Pontes.

 

No facebook dela, uma análise perfeita da importância disso tudo. Ela cita Fernando Haddad “No Brasil, sair da senzala para a casa grande é possível para o indivíduo, mas não para a sociedade como um todo” – Prefeito Fernando Haddad.

Tabata completa: “Eu não poderia concordar mais: o fato de eu ser da periferia de São Paulo e ter tido oportunidades incríveis não mostra que “quem quer consegue”. O fato de eu ser uma exceção mostra sim que estamos longe de ter oportunidades iguais para todos.”